Além da música, desfile de filarmônicas leva a inclusão às ruas de Penedo
Em sua cadeira de rodas e com limitações devido à paralisia infantil, o estudante João Félix desfila respeito e acolhimento tocando seu mini bumbo
Sandra Peixoto – jornalista / Fotos Renner Boldrino e Roberta Brito
28 de outubro de 2025
No último da 16ª edição do Festival de Música de Penedo (Femupe), sábado (25), o Desfile Femupe de Filarmônicas exibiu, em seu trajeto, muito mais do que a alegria contagiante da música e das dançarinas de fanfarra. Aos olhos do público, enquanto o desfile avançava em direção ao Largo de São Gonçalo, desfilava também a inclusão personificada no estudante João Félix da Sila, de 17 anos, integrante da Banda Municipal Jorge Souza Nascimento.
Em sua cadeira de rodas conduzida por sua mãe, Viviane Silva, e com as limitações impostas pela paralisia infantil, João tocava animadamente um mini bumbo, demonstrando que a música constrói pontes. “Para mim, é gratificante acompanhá-lo nas invenções que ele tem. Do jeitinho dele, ele gosta de participar de tudo! E eu, como mãe, acompanho com orgulho dele ser um menino ativo apesar das limitações. A música estimula a ele e esse é o primeiro ano que ele participa. Assim que a diretora da banda foi dar um aviso na escola que ia ter a seleção, ele de pronto já disse que queria”, falou Viviane.
João não é o único integrante da banda que é pessoa com deficiência, segundo o maestro, Eduardo Jorge. Ano passado, em seu primeiro festival, ele participou com a banda de flauta doce da Escola de Educação Integral, de Penedo-AL. Este ano, o desfile foi com a banda da qual nosso músico é integrante. “O João, no dia dos ensaios quando a mãe não o leva ou quando não chega no horário, ele fica brabo, porque ele quer participar. Mesmo com todas as limitações, ele está sempre presente com a gente. E não só ele. Na banda em si tem outras pessoas com necessidades especiais. É inclusão e acolhimento”, disse.
A segunda participante do desfile foi a Banda Feminina do Centro de Musicologia de Penedo (Cemupe), sob a regência de Aryelly Leandro, que destacou a importância de mostrar a força feminina no meio musical. “Existe um preconceito, ainda, para as mulheres na música. Então, o Festival traz essa força não só para o masculino, mas também para o feminino. A Filarmônica teve início em Neópolis (SE) e trouxemos essa proposta aqui para Penedo. Ela é feita apenas de mulheres, mas esse ano tivemos alguns contratempos e precisamos do apoio dos meninos também”, explicou.
Para o público, o desfile emocionou. Entre olhares atenciosos, o casal Ricardo e Rosana Vasconcelos aproveitava o batente da porta do Teatro Sete de Setembro para acompanhar melhor as apresentações. Os dois conheceram o Femupe por acaso em 2024, quando passavam pela cidade. Já este ano de 2025, fizeram questão de se programar. Para ele, o desfile trouxe lembranças. “Emociona a gente, né? É a cultura nossa que remete algumas lembranças da nossa infância e adolescência; da época de estudante. É muito bonito de ver”, recordou.
Acompanhando a conversa, a esposa concordou. “Todo esse toque de banda de fanfarra nos remete muito à nossa infância e à cultura não só da cidade daqui, mas do estado como um todo. Parabéns a toda a equipe, parabéns à gestão e a todos que participam e preservam a cultura”, emendou.
Realização
O Femupe é uma realização da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), por meio do por meio do Centro de Musicologia de Penedo (Cemupe) e da Pró-reitoria de Extensão e Cultura (Proex), e tem como correalizadores o Sesc-Alagoas, a Prefeitura de Penedo, a Associação dos Empresários e Empreendedores do Turismo e da Economia Criativa de Penedo (Astec) e a Fundação Universitária de Desenvolvimento de Extensão e Pesquisa (Fundepes). O Sebrae Alagoas é patrocinador do evento, junto com deputado Paulão, que destinou emenda parlamentar.
























