Com seu violão de sete cordas, Alessando Penezzi encanta em recital no Femupe
O dedilhar, ora suave, ora intenso, apresentou composições autorais como Dança das Abelhas, de seu álbum Sonhos, lançado em abril
Sandra Peixoto – jornalista / Fotos Renner Boldrino e Roberta Brito
30 de outubro de 2025
No final de tarde do segundo dia da 16ª edição do Festival de Música de Penedo (Femupe), sexta-feira (28.10), o talento do violinista Alessandro Penezzi (SP) promoveu uma imersão musical no público do recital na Igreja Santa Maria dos Anjos. Com seu violão de sete cordas, o dedilhar ora suave, ora intenso, transformava acordes em belas músicas que, a julgar pela reação da plateia, ecoaram para além da audição em seu sentido mais literal.
Sentado no primeiro bloco de bancos, um estudante de música da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), instituição realizadora do evento, permanecia com o olhar atento. Era Giovani Ferreira, que desde 2022 participa das oficinas de violão do Femupe. Admirador de Penezzi, ele já conhecia o trabalho por meio dos vídeos disponibilizados na internet e não quis perder a oportunidade de acompanhar de perto o violinista, tanto na oficina quanto na apresentação. “Ele é um músico muito respeitado; uma referência. Tem vários materiais, e não somente materiais em vídeo e tutoriais, mas transcrições também. Algumas delas eu usei em trabalhos [acadêmicos], como por exemplo, no último trabalho sobre o violão de sete cordas, no qual eu usei uma transcrição de Pedacinho do Céu”, falou.
Apaixonado pelo instrumento, o estudante, que também é cantor e compositor, gostou do recital. “Achei as composições bem bonitas, algumas me lembraram até composições de animações, tipo Studio Ghibli. Mas, a que mais me chamou atenção foi a chamamé, que ele referencia o Yamandu [Costa] antes, e realmente é na mesma linha do trabalho”, analisou.
E tem razão. A trajetória de Penezzi inclui alguns encontros musicais com Yamandu Costa. O garoto de família humilde que despertou para a música aos cinco anos inspirado pela mãe, que tocava violão, talvez ainda nem sonhasse que levaria sua arte para outros países e ganhar prêmios. E como o tocar e o fazer música passam pelo sentimento, assim como o ouvir, Penezzi traz um pouco da plateia em seus recitais. “Eu vou sentindo a plateia. Então, de repente, eu posso tocar alguma coisa mais conhecida, mas normalmente eu tento fazer aquilo que eu me propus”, disse.
E foi assim na apresentação na igreja, cujo repertório previa músicas autorais e a valsa de Luperce Miranda (bandolinista nordestino de Recife), mas acabou tocando também composição do Yamandu. E por falar em músicas autorais, o violinista celebrou seus 50 anos com o lançamento do álbum Sonhos, em abril deste ano (2025), trazendo entre as composições a Dança das Abelhas, inspirada em um sonho que teve. “Eu tinha assistido a um documentário sobre as abelhas e aí falava da possibilidade da extinção delas porque o ser humano vai deixando pelo caminho um rastro de destruição, o que me assustou muito. Com aquilo na cabeça, fui dormir e acordei no meio da madrugada, assim, com uma melodia e eu via abelhas voando. A partir daí fiz essa música”, revelou.
Além dos estudantes, a apresentação de Pelezzi encantou o público em geral. José Augusto Gama, penedense que atualmente mora em Maceió, retornou a cidade para acompanhar o Festival. Não conhecia o trabalho do violinista, mas o breve ensaio que viu o fez aguardar. “Já sabia do Festival, mas é a primeira vez que eu venho assistir. Vendo o ensaio, vi que ele é muito bom; vai ser muito bonita a apresentação dele”, falou antes do recital, mas teve a impressão confirmada ao final.
Marlene Barreto também não conhecia o trabalho do músico e, assim como José, saiu de lá impressionada com a qualidade musical. “Fiquei encantada com a música dele. O jeito que ele toca o violão, o jeito que passa a emoção foi encantador. Desde ontem que eu cheguei, só vim aqui e fiquei emocionada de chorar com toda a beleza e com toda essa arte que a gente está trazendo dentro da gente”, disse a sergipana de Aracaju.
Mais músicas na igreja
Outros dois momentos que impactaram os presentes foram as apresentações do tenor italiano Sabino Martemucci com o pianista Jairo Brandão, que por questões de agenda anteciparam a participação que estava prevista para o sábado (25), e do Imperial Coro de Penedo.
A maestrina Patrícia Albuquerque falou dos preparativos para a apresentação. “Estamos muito orgulhosos e honrados pelo convite. Já é o quarto ano que participamos e trouxemos o repertório que levamos para Cabo Frio e Rio de Janeiro. Nele, cantamos músicas alagoanas como Panis Angélicos, do Islene Leite; Dia de Festa, de compositor penedense que fala sobre os eventos em torno da Festa de Bom Jesus dos Navegantes; e, também, música brasileira popular”.
O Femupe é uma realização da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), por meio do por meio do Centro de Musicologia de Penedo (Cemupe) e da Pró-reitoria de Extensão e Cultura (Proex), e tem como correalizadores o Sesc-Alagoas, a Prefeitura de Penedo, o Sebrae Alagoas, a Associação dos Empresários e Empreendedores do Turismo e da Economia Criativa de Penedo (Astec) e a Fundação Universitária de Desenvolvimento de Extensão e Pesquisa (Fundepes).














