Grupo de mulheres indígenas encanta público com músicastradicionais no primeiro dia do Femupe
Mulheres Plakiô é formado por integrantesdas aldeias de Alagoas, Karapotó Plakiô, de São Sebastião, e Kariri-Xocó, de Porto Real do Colégio
Jamerson Soares – jornalista / Fotos Allerson Jesus e Bruno Vieira
18 de outubro de 2023
"O nosso professor foi a nossa cultura", disse Islane Cariri-Xocó Plakiô, uma das integrantes da aldeia indígena Karapotó Plakiô, após explicar algumas das canções tradicionais do seu povo. Islane participa e é lider do grupo de mulheres indígenas pertencentes às etnias Karapotó Plakiô, de São Sebastião, e Kariri-Xocó, de Porto Real do Colégio, municípios de Alagoas. Uma parte do grupo se apresentou na terça-feira (17), em frente ao Teatro Sete de Setembro, localizado no Centro Histórico de Penedo, antes da solenidade de abertura do Festival de Música de Penedo (Femupe).
Com Islane, vieram suas duas primas e sua tia, que encantaram o público com os cantos Rojão e Toré, ritmos específicos de sua cultura e que são repassados de geração a geração. Era possível ver a plateia envolvida na ancestralidade entoada nas ruas de Penedo, batendo palmas e acompanhando os compassos do popular coco de roda.
Segundo a jovem indígena, os cantos apresentados na abertura do Festival de Música de Penedo são nativos, ou seja, estão enraizados no cotidiano das aldeias. Foi por meiode vídeos postados na internet que o grupo ganhou visibilidade e já participou de vários festivais e projetos, como o Coco das Alagoas e na Chapada dos Veadeiros, em Goiás. Para Islane, foi uma satisfação ter trazido um pouco da sua cultura para o Femupe.
"Foi uma honra poder trazer essa representatividade e levar um pouco da nossa cultura para os não-indígenasconhecerem. Foi importante também porque eles vão ver o quão grande é conhecer e sentir a força que os nossos cantos têm. O grupo foi criado por meio desses cantos de Rojão, que são composições criadas pelo nosso povo no dia a dia", explicou Islane.
Prestigiando a apresentação estava a família de Carmem Nery, aposentada, de 68 anos, vinda da Bahia. Carmem contou que estava de passagem em Penedo e descobriu que teria o Festival. Ela não se contentou e ficou mais um pouco para apreciar o evento.
"A gente chegou aqui e encontrou esse Festival. Fiquei maravilhada! Principalmente por ter visto essas jovens também dando continuidade à cultura indígena. Achei super interessante, fiquei emocionada. São canções muito lindas", disse dona Carmem, que também comentou que iria acompanhar o Festival todo.
Programação continua
O Festival de Música de Penedo continua, até sábado (21), com uma programação intensa e recheada de novidades. Artistas nacionais e internacionais compõem a grade de atrações especiais do evento, com ênfase em concertos musicais, apresentações de dança, oficinas de instrumentos musicais e encontros acadêmicos.
Nesta quarta (18), às 20h, o grande cantor e compositor brasileiro, o pernambucano Geraldo Azevedo se apresenta no Largo São Gonçalo, cujo show também celebra os 14 anos do Festival de Música, no Palco Penedo, instalado no Largo da Igreja de São Gonçalo, próximo ao Teatro 7 de Setembro.
O Festival de Música de Penedo é uma realização da Universidade Federal de Alagoas – por meio do Centro de Musicologia de Penedo (Cemupe), do curso de licenciatura em Música, do Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Artes (Ichca) e Pró-reitoria de Extensão (Proex) – da Prefeitura de Penedo e do governo de Alagoas.
O evento tem apoio do deputado Paulão e patrocínio do Sebrae e Instituto do Meio Ambiente (IMA). Entre os parceiros estão: Laboratório de Musicologia (Lamus), Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical (Cesem), da Universidade Nova, de Lisboa, Dgartes ligada ao Ministério da Cultura República Portuguesa. Também conta com as instituições Universidade de Bordeaux e Timbodé Percussivo da França, além das universidades pedagógicas, Smeam e Universidade Eduardo Mondlane, de Moçambique, e marcas de Instrumentos Musicais de todo o Brasil.
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