Oficina de percussão promove o intercâmbio entre Brasil e França
Jair Mendes (França-Brasil) e Ualex Lima (Penedo) coordenaram os batuques que ecoaram às margens do Velho Chico
Sandra Peixoto – jornalista / Fotos Renner Boldrino
25 de outubro de 2025
Os sons dos tambores, atabaques, repiques, cucas e caixas ecoaram às margens do Rio São Francisco, levando a alegria contagiante da percussão à Praça 12 de Abril, na oficina promovida pela 16ª edição do Festival de Música de Penedo, uma realização da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), por meio do Centro de Musicologia de Penedo (Cemupe) e da Pró-reitoria de Extensão e Cultura (Proex).
Ao comando dos professores Jair Mendes (França-Brasil) e Ualex Lima (Penedo), o grupo praticamente fez uma apresentação improvisada, demonstrando o potencial criativo e agregador que a música possui. E em meio a este cenário, outro se formava: um intercâmbio musical entre Brasil e França. É que como um bom baiano radicado em solo francês, Jair Mendes levou para a Europa o Projeto Timbodé e, nesta edição do Femupe, trouxe um grupo de alunos franceses. “Para eles é muito importante vir e ver como cada um deles toca e aprender também com esses jovens, adultos, crianças. Esse jeito brasileiro de tocar, esse jeito é nosso; não tem nada mais diferente do que isso”, disse.
Para Mendes, que aprendeu a tocar aos 10 anos de idade no Ilê Aiyê (bloco afro mais antigo da Bahia) e que, aos 14 anos, tocou com Gilberto Gil no Teatro Municipal de São Paulo, a música acaba se misturando com sua essência e, naturalmente, transparece no seu modo de ensinar. “Para mim, estar aqui é muito gratificante porque eu participo de vários festivais no mundo. Praticamente voltar para o Brasil, pois já tem mais de 15 anos que eu moro na Europa, e estar participando de um festival no meu próprio país, compartilhar minha experiência na música baiana, trazendo para a cidade de Penedo, é, para mim, inexplicável”, confessou.
Coordenador da filial do Projeto Timbodé, em Penedo, Ualex Lima está em seu terceiro festival e, mesmo com a experiência dos anos anteriores, ainda se surpreende com a grande procura pela oficina. “Todo ano nós batemos a meta com 100% de inscrições e até ultrapassa. Fica a batalha para conseguir instrumento para todos, mas no final dá certo. Nosso principal objetivo aqui é levar a música e a cultura para essa garotada e a gente se sente feliz por estar contribuindo cada vez mais. Hoje o que não vai faltar é música”, afirmou.
E foi nessa atmosfera musical que Cledson Oliveira aportou carregando seu timbal. Apesar de toda sua experiência na área, pois trabalha como instrutor de música da Banda de Fanfarra Fênix, de Penedo, e toca repique na Timbodé, hoje ele inverteu a posição e foi aluno da oficina. Atuando com crianças, ele sabe o potencial da música.
“A importância da música é muito grande. Hoje em dia, a gente trabalha com jovens, crianças, tanto na fanfarra quanto no grupo de percussão. E a música tem uma importância muito grande, pois pode tirar um menino da rua, evitar de fazer o que não deve e colocar na cabeça dele pra trabalhar na percussão. Quem sabe ter um futuro como profissão”, idealizou Oliveira.
O Femupe tem como correalizadores a Universidade Federal de Alagoas, o Sesc-Alagoas, a Prefeitura de Penedo, a Associação dos Empresários e Empreendedores do Turismo e da Economia Criativa de Penedo (Astec) e a Fundação Universitária de Desenvolvimento de Extensão e Pesquisa (Fundepes). Com patrocínio do Sebrae e apoio do deputado federal Paulão.
O evento acontece até amanhã, dia 25, e terá o cantor Nando Cordel no encerramento, num oferecimento do Sesc-Alagoas. A entrada será 1kg de alimento não perecível e a troca pelos ingressos começará às 9h, na bilheteria do Centro de Convenções do Hotel São Francisco.







