Talentos nordestinos encerram a edição de 2024 do Festival de Música de Penedo
Arrastão musical finaliza mais uma edição de um festival que já se consolidou no calendário brasileiro e que amplia, a cada ano, a participação de outros países
Sandra Peixoto - jornalista / Fotos Roberta Brito
30 de outubro de 2024
"Só toco o que me toca. Só canto o que me encanta". A frase de Eliezer Setton foi confirmada pelo público que prestigiou a última noite da edição de 2024 do Festival de Música de Penedo (Femupe). O cantor e compositor alagoano fez uma participação especial no concerto da Orquestra Somdo Nordeste, comregência do maestro Rony Ferreira.
Brincando, Eliezer diz não se considerar convidado, mas integrante da orquestra, da qual já é sócio. No repertório, seis músicas, sendo que em cinco o cantor aparece, de alguma forma, como autor, seja por ser composição própria ou por ser uma versão criada por ele: Não há quem não morra de amores pelo meu lugar(Eliezer Setton); Ventos do Nordeste(Eliezer Setton, Ubiratan Sousa e Geraldo do Norte); My Way (Frank Sinatra), que ganhou uma versão em baião; The Shadow of Your Smile(Andy Williams), com uma versão em xote; Jesus alegria dos homens,composição de Johann Sebastian Bach que recebeu letra por Setton e foi ‘rebatizada’ como Jesus alegria dos homens do Sertão; e Ponteio(Edu Lobo), que foi acrescida de uma introdução.
“Além de estar cantando com a orquestra, a orquestra está ousando com músicas que a maioria do público de big bandnão está acostumado. O Rony está chegando com novidades autorais. Você, quando ouve de primeira não tem como não se apaixonar, porque os arranjos são poderosos", avaliou, complementando que a inovação trazida pelo grupo surpreende.
E, de fato, foi uma noite surpreendente para o público, que além de se emocionar com a interpretação de Setton, pôde dançar, cantar e interagir com o maestro Mozart Vieira e o cantor, compositor e musicista Sebastian Silva, ambos pernambucanos. A sintonia dos dois começou quando o sanfoneiro iniciou a carreira e virou amizade. “O maestro Mozart Vieira é meu pai musical. Acho que eu tinha uns sete anos quando ouvi falar muito dele e da Orquestra dos Meninos de São Caetano. Comecei minha história musical como sanfoneiro e tive o prazer de conhecê-lo, e, hoje, a gente é parceiro musical. Graças a Deus, eu sou muito feliz e grato por isso”, declarou Sebastian.
A parceria entre forró e frevo rendeu um show especial com um repertório marcante do cancioneiro nordestino, misturando Alagoas e Pernambuco por meio das músicas, segundo o maestro Mozart Vieira. “Para mim, é uma satisfação muito grande voltar a essa terra e ter a honra, a felicidade e a responsabilidade de encerrar um festival com tanta gente boa, com tanto talento. Agente vai fazer o povo ‘pernambucar’ e ‘alagoar’ com muito maracatu, com muito som, com muita dança, com muito forró, com muito caboclinho, enfim, e com meu grande amigo Sebastian Silva. Vai ser uma noite inesquecível”, falou, pouco antes da subida ao palco.
E reconhecendo a importância de abrir espaço para novos talentos, o maestro anunciou que, a partir de agora, suas apresentações no Femupe abrirão espaço para as participações de músicos penedenses e, iniciando esse movimento, convidou Felipe Moraes a subir ao palco.
Como já virou tradição, ao final de sua apresentação não poderia faltar o arrastão pelas ruas do Centro Histórico. Comandando uma banda ‘improvisada’, formada por músicos que acompanharam o show e ministraram as oficinas do Festival, além de outros maestros e musicistas que estavam na plateia.
Vieira conduziu o público que estava no Teatro Sete de Setembro com sua alegria e sua irreverência, finalizando com sucesso mais uma edição de um festival que já se consolidou no calendário musical brasileiro e que amplia, a cada ano, a participação de outros países.